quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Culpada! - A inocência nunca existiu. Parte I

Culpada!
A inocência nunca existiu.

Parte I
_______________________________________________________________

Às vezes nos tornamos aquilo que dizem que somos, mas quem somos nós, afinal?
____________________________________________________________

Oi, meu nome é Elizabeth, tenho 23 anos e vou contar a minha história.
. . . . . . . . . . . . . .

Nasci em uma cidade pequena no interior do Brasil - aquele tipo de cidade que todo mundo se mete na vida de todo mundo. Minha mãe se chama Maria das Dores e, de fato, ela possui muitas dores que a tornaram traumatizada e um pouco, aliás, muito louca. Desde que me conheço por gente sempre fui culpada por meu pai ter saído de casa, pelo menos foi isso que eu cresci ouvindo e acabei internalizando.
-  - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
“Seu pai me deixou por sua culpa, ele não acredita que você é filha dele, mas não sou adúltera”. “Venha cá, sua diabinha. Não risque as paredes. O quê? Você explodiu a TV?  Seu pai sabia a peste que você ia ser e por isso foi embora”. “Você tá crescendo e se tornando uma mulher sem valor, pintando a boca de vermelho como uma vadia, seu pai aquele homem santo não suportaria vê-la agora e deve ter sido por isso que ele se mandou”. 
Bom, essas não são as frases que uma criança/adolescente sonha em ouvir de sua mãe, mas Beth acabou se acostumando com a falta de amor, na verdade, aquela pobre garota nem sabe o que é amor. Na escola, nunca teve amigos - preferia ficar rabiscando seus diários no fundo da sala-, os garotos admiravam sua beleza de longe, mas ela tinha fama de ‘ímã de desgraça’ pela cidade – as loucuras que a mãe dizia sobre ela deixavam os tolos assustados. As garotas eram muito princesinhas para querer a companhia de Beth que só usava trajes simples pela falta de dinheiro de sua mãe e descaso do resto da família para com ela.
Quando completou 15 anos, Elizabeth já era dona de uma beleza incomparável, era de longe a garota mais linda da cidade e tudo que ela queria era sair dali e conhecer o mundo, ir para longe daquelas pessoas de mente pequena que estavam condenadas à ignorância.
-  - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
“...Eu não tenho família, não tenho amigos e todos me odeiam. O que eu quero aqui? Que futuro eu terei? Como podem pensar que atraio coisas ruins?...É, vou embora pra longe daqui...”

E foi em uma manhã quente de verão antes que sua mãe acordasse. Ela pegou R$ 500, reais que estavam escondidos embaixo de uma lata em cima da geladeira e foi embora, levando aquele dinheiro e as poucas peças de roupa que tinha.
_______________________________________________________________



Nenhum comentário:

Postar um comentário