Culpada!
A
inocência nunca existiu.
Parte
I
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Às vezes nos tornamos aquilo que dizem que somos,
mas quem somos nós, afinal?
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Oi, meu nome é Elizabeth, tenho 23 anos e vou contar
a minha história.
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Nasci em uma cidade pequena no interior do Brasil - aquele tipo de cidade que todo mundo se
mete na vida de todo mundo. Minha mãe se chama Maria das Dores e, de fato, ela possui muitas dores que a tornaram traumatizada e um pouco, aliás, muito
louca. Desde que me conheço por gente sempre fui culpada por meu pai ter saído
de casa, pelo menos foi isso que eu cresci ouvindo e acabei internalizando.
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“Seu pai me deixou por sua culpa, ele não acredita
que você é filha dele, mas não sou adúltera”. “Venha cá, sua diabinha. Não
risque as paredes. O quê? Você explodiu a TV? Seu pai sabia a peste que você ia ser e por
isso foi embora”. “Você tá crescendo e se tornando uma mulher sem valor,
pintando a boca de vermelho como uma vadia, seu pai aquele homem santo não
suportaria vê-la agora e deve ter sido por isso que ele se mandou”.
Bom, essas não são as frases que uma
criança/adolescente sonha em ouvir de sua mãe, mas Beth acabou se acostumando
com a falta de amor, na verdade, aquela pobre garota nem sabe o que é amor. Na
escola, nunca teve amigos - preferia
ficar rabiscando seus diários no fundo da sala-, os garotos admiravam sua
beleza de longe, mas ela tinha fama de ‘ímã
de desgraça’ pela cidade – as
loucuras que a mãe dizia sobre ela deixavam os tolos assustados. As garotas
eram muito princesinhas para querer a companhia de Beth que só usava trajes
simples pela falta de dinheiro de sua mãe e descaso do resto da família para
com ela.
Quando completou 15 anos, Elizabeth já era dona de
uma beleza incomparável, era de longe a garota mais linda da cidade e tudo que
ela queria era sair dali e conhecer o mundo, ir para longe daquelas pessoas de
mente pequena que estavam condenadas à ignorância.
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“...Eu não tenho família, não tenho amigos e todos
me odeiam. O que eu quero aqui? Que futuro eu terei? Como podem pensar que atraio
coisas ruins?...É, vou embora pra longe daqui...”
E foi em uma manhã quente de verão antes que sua mãe
acordasse. Ela pegou R$ 500, reais que estavam escondidos embaixo de uma lata
em cima da geladeira e foi embora, levando aquele dinheiro e as poucas peças de
roupa que tinha.
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