sábado, 21 de dezembro de 2013

Contraste. Parte III, O "final".

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Alguns amores simplesmente não são para serem vividos. A gente sente, se arrepende, aprende e segue em frente...
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Olívia perdeu peso, mudou a cor e cortou seus cabelos, comprou lentes de contato e também mudou seu nome para Catharine – adaptação de Catherine Earnshaw, nome de sua personagem favorita. Era definitivamente outra pessoa. Havia 4 anos desde que tinha abandonado Fernando- o seu grande amor - naquela casa abandonada.
Ela pensou em se entregar para a polícia, mas depois de calcular que perderia muitos anos de sua vida e tão prezada liberdade, decidiu fugir para outro país e adotar uma nova identidade, agora ela é bartender e faz drinks muitos famosos pela região.
Fernando conseguiu provar inocência e hoje tem seu próprio negócio e é dono de uma famosa rede de oficinas de moto, mesmo com a saudade de Olívia é inegável que sua vida vai bem melhor sem ela.
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“O aniversário dele se aproxima, eu sinto tanto a sua falta, devo mandar uma carta, preciso me desculpar, preciso...” Essas eram as coisas que se passavam pela mente dela há semanas, enfim, ela resolveu escrever a bendita carta.

Oi, Fernando.

Bom, não sei bem por onde começar, mas vamos lá. Desculpe-me pelo o que aconteceu no passado, pela loucura que eu fui na sua vida, minha mãe sempre me disse que eu tinha esse dom de tumultuar a vida de todos ao meu redor. Não fique preocupado sobre como consegui seu endereço, pode até não ter parecido, porém, sempre me preocupei com você e foi esse o motivo pelo qual eu o deixei. Por te amar demais, por te amar mais do que a mim, é quase anormal, na verdade, é anormal o que eu sinto por você, não há um dia que passe em que eu não sinta a sua falta, exatamente tudo lembra-me você, o seu jeito de andar, falar, de sorrir, o jeito como você me tocava. Mas não podemos ficar juntos, finalmente eu entendi isso. Nós pertencemos um ao outro, mas ainda não somos merecedores deste amor, não nessa vida, quem sabe em outra. Ainda temos muito que aprender com nossos erros e eu ainda não tenho coragem de assumir os meus e pagar por eles e não acho justo que você espere por mim, espero que esteja feliz. Casado e talvez com filhos. Esse é seu sonho, não é?  Talvez, nós nunca superaremos o que sentimos um pelo outro, talvez, nossos destinos ainda se cruzem por aí, mas você foi de grande aprendizado pra mim, mesmo com a minha soberana inconsequência. Eu não podia fingir ser quem eu não era, eu nasci pra ser livre e não obedecer nem a regras e nem a ninguém, e ser uma namorada exemplar necessita de regras, o próprio amor aprisiona, vou te amar de longe, vou te amar daqui e torcer pela sua felicidade, pois isso me fará feliz. Não posso ser submissa de um sentimento tão forte e intenso como o que eu sinto por você, então, liberte-se de mim e tente ser feliz. Eu não quero que viva no inferno como você disse que eu o levei, você merece mais do que isso, não aceite migalhas de amor, nem migalhas de nada, lembre-se de que você merece o melhor, sempre. Eu estou vivendo bem aqui, fazendo drinks como eu fazia para nós nos embriagarmos e dançar sob a luz da lua. De certa forma, estou feliz.
Sabe, Fernando. Feliz Aniversário, que seu presente seja um amor tranquilo que eu não pude te dar e nunca poderei. É impossível buscar paz e tranquilidade em mim, quando eu sou feita de uma confusão sem fim.
                               Quem sabe em outra vida... Quem sabe.

Com amor, Olívia.

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Ela estava certa, eles não poderiam ser felizes juntos, eram tão diferentes um do outro e por isso se atraíam e também se repeliam. Era impossível querer unir fogo e água em um mesmo lugar, um sempre iria atrapalhar o outro apesar da forte atração.
Fernando seguiu o conselho de sua amada e alguns anos depois se casou e hoje tem dois filhos,  quem pouco o conhece diz que ele nunca esteve tão feliz, mas quem o conhece de verdade diz que ele ainda ama aquela diaba – forma nada carinhosa como chamam Olívia.
Ela seguiu sua vida, teve outros romances, mas sempre dava um jeito de fugir deles quando estavam tornando-se sério. Como não tinha vocação maternal, então, pouco se importava se não tinha filhos ou um marido. Olívia também foi stripper por uns tempos e com isso conseguiu muito dinheiro e também muitos problemas, a vida agitada de noites inacabáveis, bebidas e drogas deixaram-na muito doente.

“Não tenho mais sentido pra viver, não tenho mais pelo o que viver, já acabei com essa vida. Quem sabe em outra... Quem sabe” – Ela disse isso antes de drogar-se incessantemente e morrer por overdose.

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 Tudo na vida tem um fim ou é apenas um recomeço?

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