domingo, 1 de junho de 2014

Desculpas recusadas.

Desculpe-me
Se eu gaguejar, mas preciso desabafar.
Vou te alertar: puxa uma cadeira que posso demorar (ou não).
Talvez, quando eu chegar à metade, já tenha decidido que falei demais
Ou mostrei demais aquilo que a catorze chaves eu luto para guardar.
(porque sete seria pouco e eu peco pelo excesso).
O exagero está em tudo.
Tudo que vejo, tudo que falo, tudo que não falo, tudo que sinto.
Talvez, nem sinta. Talvez, eu finja.
Não, pensando bem, eu não finjo.
“PARE!” eu grito para minh’alma que não tem mais a calmaria de outrora.
Calmaria que nunca está presente em meus flashes de inspiração.
Raiva insistentemente está contida em todos os meus sentimentos insanos.
“Foque no lado bom” este era o meu plano.
Desculpe-me
Eu não tenho um lado bom.
Nada em mim é bom.
Nada em mim é paz.
Tudo em mim é a tormenta que a minha mente faz.
Que eu faço.
Que eu falo.
Que eu penso.
“Ora, você está ficando louca” Ora, eu só estou aflorando
Ou melhor, explicando
Ou melhor, tentando explicar
Ou melhor, vomitando.
Sim, vomitando todas estas palavras frívolas e inconsequentes, assim como eu.
Assim como o sol, que não brilha a noite.
Assim como a lua, que não brilha ao dia.
“NÃO!” Eu amo o sol, ele não é estúpido.
Eu amo a lua, ela não estúpida.
Por que queres, pobre criança, odiar as coisas além de ti?
Por que queres odiar a tudo?
Por que queres, pobre criança, brincar com as palavras?
Se elas fogem de ti como o diabo foge da cruz.
Ó, pobre criança, nada em ti reluz.
“Seca estes olhos” Não deixe que tuas bobagens encharquem o teu teclado como tu é encharcada de descontrole existencial.
Nem sei porquê existes, nem sei porquê insistes em tentar desabafar.
Cala a boca. Ate as mãos. Sufoca o ar que entra em tuas narinas...
E morre.
E te juntes a terra.
E aos vermes que te esperam.
Ou, que desde já, te rejeitam.
Desculpe-me
Mas nem a morte me aceita.
Ela me nega.
Ela me cega.
Porque está em tudo que eu vejo.
Aonde eu vou não há sossego.
Vou te alertar: Se afasta de mim.
Vou te alertar: Não faça de mim a tua casa porque aqui, garoto, não cabe nada além de penar.
Vou te alertar...
Vou te
alertar...
Eu perco o som.
Perdi o tom.
Gaguejei.
Cobro de mim muito mais que um religioso hipócrita e condenado cobra o dízimo.
Cobro de mim muito mais que o diabo.
Cobro de mim mais do que deus e seus mandamentos.
Cobro tanto de mim que me odeio.
Cobro tanto de mim porque não creio.
Desculpe-me.
Não se ofenda.
Desculpe-me.
Não valho a pena.
Valho menos que uma coisa sem valor.
Não valho nada porque não tenho pudor.
Não valho nada porque não se vende dor.
Desculpe-me.