Desculpe-me
Se
eu gaguejar, mas preciso desabafar.
Vou
te alertar: puxa uma cadeira que posso demorar (ou não).
Talvez,
quando eu chegar à metade, já tenha decidido que falei demais
Ou
mostrei demais aquilo que a catorze chaves eu luto para guardar.
(porque
sete seria pouco e eu peco pelo excesso).
O
exagero está em tudo.
Tudo
que vejo, tudo que falo, tudo que não falo, tudo que sinto.
Talvez,
nem sinta. Talvez, eu finja.
Não,
pensando bem, eu não finjo.
“PARE!” eu grito para minh’alma
que não tem mais a calmaria de outrora.
Calmaria
que nunca está presente em meus flashes de inspiração.
Raiva
insistentemente está contida em todos os meus sentimentos insanos.
“Foque no lado
bom”
este era o meu plano.
Desculpe-me
Eu
não tenho um lado bom.
Nada
em mim é bom.
Nada
em mim é paz.
Tudo
em mim é a tormenta que a minha mente faz.
Que
eu faço.
Que
eu falo.
Que
eu penso.
“Ora, você está
ficando louca”
Ora, eu só estou aflorando
Ou
melhor, explicando
Ou
melhor, tentando explicar
Ou melhor, vomitando.
Sim,
vomitando todas estas palavras frívolas e inconsequentes, assim como eu.
Assim
como o sol, que não brilha a noite.
Assim
como a lua, que não brilha ao dia.
“NÃO!” Eu amo o sol,
ele não é estúpido.
Eu
amo a lua, ela não estúpida.
Por
que queres, pobre criança, odiar as coisas além de ti?
Por
que queres odiar a tudo?
Por que queres, pobre criança, brincar com as palavras?
Se
elas fogem de ti como o diabo foge da cruz.
Ó,
pobre criança, nada em ti reluz.
“Seca estes
olhos”
Não deixe que tuas bobagens encharquem o teu teclado como tu é encharcada de
descontrole existencial.
Nem
sei porquê existes, nem sei porquê insistes em tentar desabafar.
Cala
a boca. Ate as mãos. Sufoca o ar que entra em tuas narinas...
E
morre.
E
te juntes a terra.
E
aos vermes que te esperam.
Ou,
que desde já, te rejeitam.
Desculpe-me
Mas
nem a morte me aceita.
Ela
me nega.
Ela
me cega.
Porque
está em tudo que eu vejo.
Aonde
eu vou não há sossego.
Vou
te alertar: Se afasta de mim.
Vou
te alertar: Não faça de mim a tua casa porque aqui, garoto, não cabe nada além
de penar.
Vou
te alertar...
Vou
te
alertar...
Eu
perco o som.
Perdi
o tom.
Gaguejei.
Cobro
de mim muito mais que um religioso hipócrita e condenado cobra o dízimo.
Cobro
de mim muito mais que o diabo.
Cobro
de mim mais do que deus e seus mandamentos.
Cobro
tanto de mim que me odeio.
Cobro
tanto de mim porque não creio.
Desculpe-me.
Não
se ofenda.
Desculpe-me.
Não
valho a pena.
Valho
menos que uma coisa sem valor.
Não
valho nada porque não tenho pudor.
Não
valho nada porque não se vende dor.
Desculpe-me.