quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Semáforo

Se você multiplicar todos os meus sonhos...
Todas as minhas esperanças.
Se você multiplicar os poucos desejos que ainda ardem em meu peito...
E tudo que eu faço, talvez, nem faça tanto.
Se tudo isso for multiplicado por zero, você irá entender.
Não sobra nada, não há nada.
Só o vazio que preenche tudo, que incomoda tanto.
Que dói.
Que gela.
Que queima.
Que rasga.
Que destrói.
Se eu olhar para trás e em seguida olhar para frente, vejo que pouca coisa mudou, talvez, só as pessoas que agora passam em minha frente ignorando a minha presença.
Observo a pressa que elas atravessam a rua, algumas pessoas são cuidadosas e esperam os carros estarem afastados. Mas não são cuidadosas o suficiente para andarem até a faixa de pedestres.
Outras pessoas apenas correm enquanto os carros buzinam. Mas lá estão elas, do outro lado, caminhando agora para seus respectivos destinos.
E, eu aqui.
Todos sabem para onde ir.
Posso vê-los indo.
E, eu aqui.
Vermelho
Amarelo
Verde
E, eu aqui.
Se você multiplicar tudo que eu ainda sei por zero...
Não sobra nada, não há nada.
Nunca houve.