terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Contraste. Parte II

“Por que insistir nisso? No fundo sabemos que nunca daremos certo. Olha pra você, Olha o que você fez comigo.” Ele disse isso enquanto eu chorava e tentava limpar o chão que estava cheio de cacos de vidro – das coisas que eu quebrei. Mas nenhum caco estava menor que os pedaços do meu coração.

Nós destruímos um ao outro, na verdade, eu o destruí e, consequentemente, me destruí também, ele é tudo que eu tenho e tudo que eu amo.

Temos um amor intenso e devastador, sim, devastador. Não há outra palavra que eu possa usar para descrever. Ele sempre foi um troublemaker, um daqueles bad boys de tirar o fôlego, porém, nunca fez mal a alguém como eu fiz. Ele só descontava a frieza com que o tratavam, e eu comecei a ser ruim por prazer, por diversão.

Em meio a jogos de azar ou jogos da vida, bebidas, armas, drogas, furtos, tráficos, nada me impedia, eu queria mais, (não o querer mais do perfume dele) eu queria mais dinheiro, mais adrenalina e principalmente, mais daquela sensação de liberdade exacerbada que ser uma fora da lei me proporcionava.

‘Quebrar as leis’ – isso era o que eu pensava. Nada poderia me parar.

Sirenes. Bater de Porta. É a polícia. Ele foi preso. Correria. Gritos.

Eu não estava presente quando isso aconteceu, assim que soube, fiz o que pude para tirá-lo de lá, mas não da forma certa. Fugimos.

“Não queria sair de lá assim.Você sabe que eu não fiz nada. Era só ter entregado as coisas, talvez, você não fosse presa, eu pagaria a fiança. Agora sou fugitivo, um bandido como você.”

Gritos. Jarros. Pratos. Qualquer-coisa-que-eu-visse-na-minha-frente. Lágrimas. Chão.

Ele não estava feliz, eu não pude entender, só queria tirá-lo de lá e estar naqueles braços de volta, aquelas braços que costumavam ser meu lar, ele não me deixou tocá-lo, disse que de tudo que eu tinha feito aquilo era inaceitável.

Eu o amo tanto e sei que nós sempre iremos atrair um ao outro como ímãs ou como loucos obsessivos que tudo que tem são suas almas condenadas.

10 horas se passaram e nenhuma palavra foi dita, apenas ficamos um diante do outro. Pela primeira vez em um ano, eu me sentia arrependida. Era tudo minha culpa. Eu fui a perdição dele e não o contrário como eu pensei no dia que o conheci.

Levantei, peguei as poucas coisas que tinha deixado naquela casa abandonada quando planejei a fuga e estava prestes a ir embora quando ele me segurou pelos braços...

 “Você me levou do paraíso ao inferno. Mudou minha vida ao avesso, tornou-me pó. Disse-me coisas que jamais toleraria ouvir. Perdi meus amigos que eram a minha única família, eu achava que não tinha nada. Nada? Ah, nada é o que eu teria agora se você passasse por essa porta. Fica comigo, eu te amo.”

Eu o abracei, segurei naqueles braços, senti o seu perfume, olhei naqueles olhos devoradores e o beijei. Eu o amo. Eu o amo mais do que a minha própria vida, mais do que a minha liberdade.

Mas eu disse: “Não quero que você me ame e nem quero lhe amar”. Eu sou dele. Sou capaz de fazer mal a mim, mas não a ele...

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Então, ela foi...

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